A nomenclatura chama atenção e parece tentador realizar diversas atividades ao mesmo tempo, imaginando que a produtividade aumentará e você terá destaque em sua área de atuação. Mas, será que realmente vale a pena ser um profissional multitasking ou multitarefa?
O modo como trabalhamos mudou. Antes, a maior parte das pessoas chegava ao trabalho, sentava-se em sua mesa e desenvolvia as atividades do dia. Hoje, os profissionais estão cada vez mais conectados, têm acesso a diversos dispositivos como celulares, computadores, tablets e desenvolveram o hábito de realizar diversas atividades simultaneamente. Se estão em frente ao computador, abrem e fecham janelas do navegador, enquanto atendem ao telefone ou checam mensagens, organizam a caixa de entrada do e-mail, preparam relatórios ou conferem suas redes sociais, tudo ao mesmo tempo.
A habilidade de realizar diversas tarefas simultaneamente ou alternar entre uma e outra de forma rápida, inicialmente pode ser vista como um diferencial positivo, mas embora pareçam ágeis, nem sempre esses profissionais são mais eficientes, como mostrou uma pesquisa realizada pela Rescue Time, empresa de tecnologia, que analisou dados de 50 mil usuários e descobriu que mais de 40% do tempo produtivo no trabalho é gasto fazendo multitarefas que envolvem comunicação, como parando para ler e-mails ou mensagens de colegas. Em um único dia, haverá apenas 1 hora e 12 minutos de tempo produtivo ininterrupto. Ou seja, o tempo improdutivo do trabalhador multitasking é maior em comparação ao trabalhador que foca em realizar uma tarefa por vez.
Com exceção dos comportamentos automáticos, como andar e respirar, nós não conseguimos realizar duas atividades ao mesmo tempo, o que conseguimos é alternar entre elas. No entanto, quando há uma interrupção na atividade que está sendo realizada, o cérebro humano pode levar até 20 minutos para se concentrar novamente. O que isso representa em um dia de trabalho com jornada de 8 horas, por exemplo? Significa que embora haja habilidade para administrar duas ou mais tarefas ao mesmo tempo com a sensação de que as demandas estão sendo atendidas, a velocidade com que as tarefas avançam é lenta.
Além disso, diante da dificuldade em definir prioridades, os profissionais multitasking estão mais suscetíveis a cometer erros, como apontou uma pesquisa francesa realizada em 2010. De acordo com os dados levantados no estudo, o cérebro humano é capaz de lidar com duas tarefas complicadas, pois tem dois lóbulos que podem dividir o trabalho, mas se uma delas exigir raciocínio mais complexo ou se mais tarefas forem adicionadas, o córtex pré-frontal pode se sobrecarregar, causando erros.
Não bastasse a possibilidade de se expor ao erro, profissionais multitasking sofrem alta carga de estresse, em função da dificuldade de definir prioridades. Outro estudo realizado a Universidade da Califórnia mediu os batimentos cardíacos de funcionários com e sem acesso ao e-mail e concluiu que aqueles funcionários que recebiam um fluxo constante de mensagens enquanto realizavam diversas atividades ao mesmo tempo, permaneciam o tempo todo em estado de “alerta” e tinham frequências cardíacas mais altas.
Ser um profissional multitasking pode atrapalhar sua carreira em vez de alavancá-la, além de exigir muito da sua memória de trabalho, ou seja do armazenamento temporário de informações, prejudicando sua capacidade de pensar de forma criativa, como apontou esse trabalho desenvolvido na Universidade de Illinois. De acordo com os pesquisadores, os profissionais multitasking diminuem sua capacidade de criar de forma espontânea.
Se favorece erros, aumenta o estresse e prejudica a criatividade não pode ser bom. Assim, em vez de tentar ser um profissional multitasking experimente focar em apenas uma atividade por vez e descubra como a otimização do seu tempo refletirá em melhor qualidade no seu trabalho, gerando mais oportunidades de carreira.